quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A IMAGEM É TUDO?!

Bom dia a todos! Esta é a minha primeira postagem e por isso escolhi um tema que há muito me incomoda: o culto ao corpo. Na verdade o culto a imagem. Será que existe a imagem correta? A imagem certa? A melhor imagem?
Eu sou professora de música e dou aula para adolescente. É neles que mais vejo a crueldade da estética e do culto ao corpo. Há uma concorrência desvelada entre as meninas. A estética, o corpo perfeito, a "bunda" correta, o cabelo certo; é mais importante do que a personalidade e conteúdo que a pessoa carrega. Entre os meninos a crueldade é a mesma.
Uma vez tive a infeliz surpresa de um aluno me perguntar se ele deveria ser amigo de uma menina "balofa". "BALOFA"! Essa foi a palavra que ele utilizou. Eu me senti, constrangida, violentada e magoada. Claro que o insulto não se referia a minha pessoa, mas não posso ignorar o meu passado de adolescente super obesa. Não posso esquecer os vários insultos que tive que ouvir e calar. Não posso e nem devo observar esses fatos sem que isso mecha com a minha alma. No fundo ainda me sinto magoada. E quando percebo que em pleno século XXI, na era da internet, da tecnologia; as pessoas continuam ferindo umas as outras por não serem o que esperam, sinto repulsa, nojo, enjoo... Arf! Deixando as minhas mazelas de lado e voltando ao assunto, eu perguntei ao meu aluno:
- Tem alguém na sua família que é gordo?
- Sim. professora.
- E você gosta dessa pessoa? Você deixaria de gostar dela porque é uma balofa?
- Eu nunca deixaria de gostar da minha mãe. Ela é minha mãe, ?
- Pois é! Ela já foi criança, menina e adolescente. Agora ela é mulher e mãe. Você gosta dela independente da imagem corporal?
- Claro!
- Então você já tem a sua resposta. Você é capaz de gostar de uma "balofa" porque aprendeu a amar e respeitar antes de ver a imagem, a casca. Você já percebe a alma. Você percebe o conteúdo. Espero que continue assim. Aliás, você gosta de mim? Eu sou uma "balofinha, não é?
- Você é a melhor professora que eu já tive.
- Mas se eu não fosse sua professora, e te conhecesse em outra situação talvez você teria a menor vontade de falar comigo porque sou gorda,
não é? Que pena! Eu sou tão legal!
- É mesmo! Valeu, "tia Ana Paula". indo.
Eu fiquei congelada por um tempo pensando se a minha atitude foi correta ou não. Talvez, naquele momento eu tenha colocado todos os meus traumas da juventude nas costas de um adolescente. Passado os pensamentos conflitantes, entre o "eu - professora" e o "eu - mulher", me recompus deste momento e fui dar aula. (Não preciso dizer que esse foi o assunto da semana na terapia!)
Passou um mês e esse mesmo garoto veio até a mim e agradeceu por eu ter incentivado a fazer o correto. A tal "balofa" virou a namorada dele. Não disse uma palavra. Sorri e fui embora.

4 comentários:

  1. Qualé Ana!!!
    Olha...você tá com tudo e não tá prosa!!!
    quebra tudo e continua dando essas aulas de auto estima que você apresentou no texto acima. A ditadura é cruel...mas com tú é uma "muié" inteligente vai seguindo em frente tocando e cantando!!
    Abraços!!
    Ps. estreiei teu blog!!!!

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  2. Olá Ana!!
    Minha esposa também está na estréia do blog dela..dá um pulo lá http://jacquelitera.blogspot.com
    Abraços!!!

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  3. só quem sofre '' discriminação''sabe oq é como eu gostei do seu Blog Tia Ana Paula vou vir aqui agora todo dia para ver se tem algo novo, me identifiquei muito com o seu Blog,seus post.
    Leonardo B

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  4. ARRASOU TIA ANA PAULA!!!
    Vejo muita gente sofrendo disso e não posso negar que sofro também, de vez em quando, e não consigo ficar calada. As pessoas infelizmente tem esse conceito filho da mãe e não vêem o interior das pessoas. Triste! Amei a postagem e o seu blog! Arrasou, como em tudo que faz! Beijocas, Jenniffer Pires

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